De fato, a guerra deixou divisões, suspeitas, ódios e vinganças dentro das comunidades. Uma equipe de psicólogos coordena as atividades da área "saúde mental" que se ocupa das feridas interiores deixadas pelo conflito. Há o setor de investigação que procura descobrir os autores dos massacres. Já foram condenados somente os assassinos de dom Gerardi (três militares e um sacerdote), mas ainda não se descobriu quem foram os mandantes.
Esse trabalho corajoso incomoda muitas pessoas e a Odhag, seus funcionários e outras Ongs, já sofreram ameaças, invasões noturnas com destruição de material e computadores e ainda incêndios dolosos.
Nos últimos anos, foram mortos 19 operadores, compromissados com a defesa dos direitos humanos e outros 125 foram violentamente ameaçados. Isso preocupa até a ONU que, enviou à Guatemala, uma defensora dos direitos humanos, a paquistanesa Hina Jilani. A Organização também denunciou a militarização da sociedade guatemalteca.
Exemplo disso foi que, foram orçados 104 milhões de dólares para o exército, mas após pressões dos militares, os recursos foram aumentados para 190 milhões, numa clara violação dos acordos de paz que impunham uma redução de todo o aparato militar. "O problema fundamental - diz Rodenas - é que a sociedade guatemalteca permanece uma sociedade injusta, os acordos foram esquecidos, os indígenas continuam marginalizados, a riqueza se concentra nas mãos de poucos, o exército aumentou seus poderes, inclusive políticos, e se opõe a que se esclareça o passado".
Rigoberta Menchu, líder indígena e Prêmio Nobel da Paz de 1992 se refugiou no México devido às continuas ameaças de morte recebidas na Guatemala. Recentemente, outros assassinatos, como o de Guilhermo Ovalle, 28 anos, administrador da fundação Rigoberta Menchu, trouxe à tona antigos fantasmas.
Apesar das pressões, as entidades de defesa dos direitos humanos trabalham para que os indígenas possam ter seus direitos reconhecidos, promovendo uma cultura de paz e de desenvolvimento sustentável. Mas tudo isso é árduo e difícil, porque muitos indígenas não conhecem seus direitos e, dos 365 municípios guatemaltecos, 102 encontram-se numa situação de extrema pobreza.
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