A Guatemala caracterizou-se também pelos diferentes grupos populares e guerrilheiros, como a Força Armada Revolucionária (FAR), o Partido Guatemalteco do Trabalho (PGT) e o Movimento 13 de Novembro, que lutavam incansavelmente pela mudança do sistema político e econômico e ganhavam força ante a repressão e injustiça praticadas por ditaduras militares.
As aspirações dos grupos populares eram concretas e suas decisões, objetivas. Diante dos desmandos do poder, da pobreza e exclusão social, defendiam a necessidade de tomar o poder para construir uma nova ordem nacional.
A equipe de pesquisa da Comisão para o Esclarecimento Histórico (CEH), ao concluir um trabalho investigativo na Guatemala, "Conclusões e Recomendações do Informe para o Esclarecimento Histórico", em 1998, determinou que: embora no enfrentamento armado aparecem como atores mais visíveis o Exército e a insurgência... (constatamos) a implicação de todo o Estado, unificando suas diversas instituições e mecanismos coativos. Deste modo, comprova a responsabilidade de ações efetivas por parte dos partidos políticos, da classe universitária e da Igreja, assim como outros setores da sociedade.
[CONCLUSIONES Y RECOMENDACIONES DEL INFORME DE LA COMISIÓN PARA EL ESCLARECIMIENTO HISTORICO. Guatemala, memoria del silencio. Op.cit. p. 21.]
O cenário nacional era bastante complexo pelas diversas participações de atores diretos e indiretos que apoiaram o conflito armado no país.
À época dos anos 1970 e seguintes espalhou-se uma crescente atividade do enfrentamento armado. Em várias regiões, o Exército identificou os indígenas de origem maia como grupos afins à guerrilha. O Estado, apoiando-se em tradicionais mecanismos e preconceitos racistas, serve-se dessa identificação para eliminar as possibilidades presentes e futuras, para que a população indígena emprestasse ajuda ou se incorporasse a qualquer projeto insurgente.
Com os massacres, as operações de terra arrasada, o seqüestro e execução de autoridades, de líderes maias e de guias espirituais, não somente se buscava quebrar as bases sociais da guerrilha, mas acima de tudo os valores culturais que asseguravam a coesão e a ação coletiva dos povos indígenas.
A Igreja da Guatemala mantinha a esperança de que os projetos de desenvolvimento pudessem ser uma alternativa dos cristãos, que desde 1964 tinham apoiado o partido da Democracia Cristã. Surgem então diferentes centros de promoção humana e religiosa.
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